Credor Quirografário: Entenda o que significa e quais são as opções legais para esses casos!

Entenda como funciona o credor quirografário e também outros tipos de credores.

Igor: 04/10/2024
credor quirografário

Se você já se deparou com o termo “credor quirografário” e ficou confuso sobre o seu significado, saiba que não está sozinho. Muitas pessoas, especialmente aquelas envolvidas em questões de dívida ou falência, acabam buscando entender mais sobre essa figura no mundo jurídico e financeiro.

Neste texto, vamos esclarecer de forma simples e objetiva o que é um credor quirografário, sua posição em relação a outros credores e como ele se encaixa no processo de pagamento de dívidas. Entender esses conceitos é essencial para quem deseja lidar com suas finanças de forma mais segura e consciente.

O que é um credor quirografário?

O credor quirografário é aquele que possui um direito de crédito sem garantias reais sobre os bens do devedor. Isso significa que, em caso de inadimplência ou falência do devedor, esse credor não tem prioridade ou garantia específica para receber o que lhe é devido, ficando no final da lista de pagamento, após os credores com garantias.

Diferente dos credores que possuem garantias reais, como os credores hipotecários (que têm um imóvel como garantia) ou credores prendados (que têm bens móveis em penhor), o credor quirografário não pode se apoiar em um bem específico para assegurar o pagamento da dívida.

Ele depende unicamente da capacidade financeira do devedor e da ordem de preferência legal estabelecida para a quitação das dívidas. Por isso, seu risco é maior, e, consequentemente, a probabilidade de receber os valores devidos pode ser menor em processos de falência ou recuperação judicial.

Tipos de credores e suas diferenças

Aqui estão os principais tipos de credores, com suas características resumidas:

Tipo de Credor Garantia Exemplo de Bem Prioridade no Recebimento
Credor Quirografário Não possui garantia Nenhum Baixa
Credor Hipotecário Garantia real Imóvel Alta
Credor com Penhor Garantia real Bem móvel Alta
Credor Privilegiado Proteção legal Varia (ex.: salários) Alta

Agora, vamos explorar as diferenças em alguns pontos-chave:

  • Credores Quirografários: Não possuem garantias sobre bens do devedor. Estão no final da lista de pagamento e recebem apenas após os credores com garantias e privilégios terem sido pagos.
  • Credores Hipotecários: Têm um imóvel como garantia. Se o devedor não pagar, o credor pode executar o imóvel para recuperar o valor devido, o que lhes dá maior segurança.
  • Credores com Penhor: Têm um bem móvel, como carros ou joias, como garantia. Esse bem pode ser leiloado para o pagamento da dívida, também oferecendo maior proteção ao credor.
  • Credores Privilegiados: Têm prioridade legal no recebimento, como no caso de trabalhadores que têm seus salários pendentes. Mesmo sem garantia real, a lei assegura que recebam antes de outros credores.

Em resumo, o credor quirografário está em uma posição de desvantagem porque ele só recebe depois que todos os credores com garantias reais e os credores privilegiados forem pagos, tornando seu risco muito maior.

Alguns exemplos de credores quirografários

Os credores quirografários estão presentes em diversas situações cotidianas, especialmente em relações comerciais e trabalhistas. Aqui estão alguns exemplos comuns de quem pode ser classificado como credor quirografário:

Exemplos de Credores Quirografários

  • Fornecedores de serviços e produtos: Empresas que fornecem mercadorias ou prestam serviços sem exigir garantias específicas (como contratos de fornecimento regulares) entram na categoria de credores quirografários. Se o cliente não pagar, eles não possuem bens específicos como garantia.

    Exemplo: Uma empresa de manutenção de equipamentos presta serviços para uma fábrica, mas, em caso de inadimplência, não possui nenhum bem da fábrica como garantia de pagamento.

  • Funcionários com salários atrasados: Em certas situações, funcionários que não receberam salários pendentes podem se tornar credores quirografários, especialmente quando não possuem prioridade legal (casos de acordos salariais não garantidos).

    Exemplo: Um empregado contratado temporariamente, sem vínculo formal e com pendência de pagamento, pode ser classificado como credor quirografário em uma recuperação judicial.

  • Prestadores de serviços autônomos: Profissionais independentes, como advogados, consultores ou freelancers, também se enquadram como credores quirografários quando realizam trabalhos para uma empresa e não recebem o pagamento acordado.

    Exemplo: Um designer freelancer que desenvolve um site para uma empresa, mas, após entregar o trabalho, não recebe o valor acordado.

  • Fornecedores sem garantias específicas: Empresas que vendem insumos ou materiais para indústrias, sem exigir um bem específico como garantia de pagamento, também entram nessa categoria.

    Exemplo: Um fornecedor de matéria-prima vende grandes lotes de produtos a uma empresa, mas não possui garantias sobre bens específicos da mesma em caso de inadimplência.

Quais são os direitos dos credores quirografários?

Os credores quirografários têm direito de tentar recuperar o valor que lhes é devido, mas, por não possuírem garantias reais, enfrentam mais dificuldades e restrições. As principais ações jurídicas à sua disposição são:

  • Ação de cobrança: O credor pode entrar com uma ação judicial para cobrar o valor devido. Se houver sentença favorável, o devedor poderá ser obrigado a pagar a dívida.
  • Participação em processos de falência ou recuperação judicial: O credor quirografário pode habilitar seu crédito nesses processos, mas terá que respeitar a ordem legal de pagamento, que o coloca em desvantagem.

Ordem de preferência em falência e recuperação judicial

A legislação brasileira, especialmente a Lei de Falências (Lei nº 11.101/2005), estabelece uma ordem de prioridade para o pagamento de credores. O credor quirografário, por não ter garantias, ocupa as últimas posições na lista de pagamento. Antes dele, são pagos:

  1. Credores trabalhistas (com limite de até 150 salários mínimos);
  2. Credores com garantias reais (hipotecas, penhor, entre outros);
  3. Credores tributários (dívidas com o governo).

Somente depois de quitadas essas dívidas, o credor quirografário tem direito a receber, o que muitas vezes reduz suas chances de recuperação integral do valor.

O credor quirografário corre quais riscos?

O credor quirografário enfrenta diversos riscos ao conceder crédito sem garantias. Aqui estão os principais:

  • Baixa prioridade no recebimento: Como ocupa as últimas posições na ordem de pagamento em casos de falência ou recuperação judicial, o credor quirografário tem menor chance de receber o valor integral da dívida. Outros credores com garantias reais ou privilégios legais são pagos antes.
  • Ausência de garantias reais: Sem garantias sobre bens específicos do devedor (como imóveis ou veículos), o credor quirografário não tem como se valer de um bem para garantir o pagamento. Isso significa que, se o devedor não cumprir suas obrigações, o credor fica sem um caminho direto para recuperar o crédito.
  • Incerteza em casos de insolvência: Em situações de insolvência, o devedor pode não ter patrimônio suficiente para cobrir todas as dívidas. Como o credor quirografário só recebe após outros credores prioritários, ele corre o risco de não recuperar nada.
  • Maior vulnerabilidade a atrasos: Diferente de credores garantidos, que podem executar os bens dados em garantia, o credor quirografário depende exclusivamente da boa fé e da situação financeira do devedor, o que aumenta a chance de atrasos ou inadimplência total.

Esses fatores tornam o credor quirografário mais vulnerável em comparação com outros credores.

Como ele pode proteger seus direitos?

Embora o credor quirografário enfrente riscos maiores, há medidas que podem ser adotadas para minimizar esses riscos e proteger seus direitos:

Medidas preventivas

  • Análise de crédito rigorosa: Antes de conceder crédito, é fundamental avaliar cuidadosamente a saúde financeira do devedor. Uma análise de crédito bem-feita, incluindo a consulta a cadastros de inadimplência e o histórico financeiro, pode evitar surpresas futuras.
  • Contrato bem redigido: Ter um contrato claro e detalhado, com todas as condições de pagamento bem estabelecidas, é uma maneira de formalizar a obrigação do devedor. Mesmo sem garantias reais, um contrato robusto facilita a cobrança judicial.
  • Diversificação dos clientes: Não concentrar o crédito em apenas um ou poucos devedores. A diversificação ajuda a reduzir o impacto da inadimplência de um único cliente no fluxo de caixa do credor.

Ações legais em caso de inadimplência

Se o devedor não cumprir com suas obrigações, o credor quirografário pode tomar as seguintes medidas legais:

  • Ação de cobrança: Caso o devedor não pague voluntariamente, o credor pode ingressar com uma ação de cobrança na justiça, buscando uma decisão favorável para obrigar o pagamento.
  • Protesto de títulos: O credor pode protestar a dívida, o que pode pressionar o devedor a quitar o valor, já que um protesto prejudica sua reputação financeira.
  • Habilitação em processos de falência ou recuperação judicial: Se o devedor entrar em falência ou recuperação judicial, o credor quirografário deve habilitar sua dívida no processo para tentar recuperar ao menos parte do valor.

Embora o credor quirografário enfrente maiores riscos pela falta de garantias, ele ainda pode adotar práticas preventivas e agir legalmente para proteger seus direitos. Com uma abordagem cuidadosa e uma análise criteriosa, é possível reduzir as chances de inadimplência e, em casos de falência ou recuperação judicial, tomar as ações adequadas para garantir o melhor resultado possível.

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